segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Triatlo de Oeiras 2017, a estreia!



E depois dos 40, dos quarenta anos, a "crise da meia idade" levou-me a outros desafios. Levou-me a sair da, tão falada, zona de conforto. Levou-me a mergulhar a cabeça na água e só a tirar para respirar. Respirar não, inspirar, expira-se debaixo de água também... Durante anos e anos corria e pedalava, por diversão, treino e em provas. No final do verão passado, pensei: poderá um filho nadar melhor que um pai? Pode, mas não é para já, aguentem-se pequenotes (perdão, crescidos) para já ganho eu... Então dediquei-me a aprender natação. Já tinha as bases de boiar e pouco mais. Comprei um snorkel, meti um pull buoy entre as pernas e bora lá aprender a nadar freestyle. Primeiro aprender a coordenar braços e pernas, depois sem o snorkel a aprender a respirar. Foi fácil e rápido de aprender, nadar depressa é que está a ser difícil. Falta-me a técnica, admito que por vezes ainda uso o pull buoy, principalmente se tiver corrido no mesmo dia. A idade não perdoa... Ora, dominada a técnica básica, e conformado com a lenta progressão, decidi participar num triatlo para motivar mais a idas à piscina. A escolha foi pelo Triatlo de Oeiras. Podia ter sido a prova aberta (mais acessível), mas não. Foi logo em grande, na Taça de Portugal! Com a lenta progressão comecei a mentalizar-me que poderia ser o último no segmento de natação e até ser desclassificado pelo tempo de corte nesse segmento. Pela minha evolução daria cerca de 18 minutos para os 750 metros de natação, o tempo de corte eram 22 minutos. Da água até ao parque de transição ainda são uns metros, a subir... Aquilo que não gosto nada, ser dos últimos, poderia acontecer... Depois começaram os treinos na praia da Torre, com um fato de natação para águas abertas, o chamado wetsuit. Que maravilha, apesar de ser um modelo de entrada de gama da Orca, é quentinho e dá-nos flutuabilidade extra para além da que a água do mar já dá naturalmente. Com estes treinos percebi que nadar no mar poderá ser mais fácil do que numa piscina interior.

Acho que já está feita a contextualização.

No dia da prova estava estranhamente calmo, cheguei cedo. Fiquei ali no parque de transição a ver como os "prós" arrumavam as coisas e segui calmamente para a praia nadar um pouco. Habituar o corpo à agua.

Começa a prova, primeiro as senhoras. A "coisa" estava difícil, as fortes correntes dificultavam a trajetória... Medo! Agueiros!

Chegou a nossa vez, deixei os rápidos ir para a frente e siga para a água. Com mais ou menos "porrada", confirmo que "quem vai à guerra dá e leva". Mas estava a espera de pior. Como havia correntes fortes o pessoal dispersou-se mais, a estratégia de deixar os rápidos irem à sua vida e ir logo a seguir, sem medos, também ajudou. Apesar da trajetória alongada, cheguei à praia e o relógio contava 15 minutos! 14:43, em termos oficiais. Uau, quinze minutos! Nem nas melhores previsões esperava um tempo destes. A ideia era flutuar. esticar os braços ao máximo e bater as pernas o menos possível. Correu bem! O fantasma do tempo de corte desapareceu.

A transição para a bicicleta correu mal, principiantes é assim... Usei a técnica dos elásticos para segurar os sapatos no quadro mas uma fivela saiu, tive que parar... Ah, já me esquecia, o wetsuit saiu rápido powered by creme Nivea.

O segmento de ciclismo teve uma primeira parte muito boa, onde rolei a 40 km/h. Perto do retorno, a bomba de ar caiu do bolso. Parei para a apanhar e nunca mais consegui apanhar o grupo onde estava. Vim sempre sozinho, com um desgaste enorme, a vê-los lá à frente sem conseguir lá chegar. No final quase me esquecia de tirar os pés dos sapatos, foi mesmo na última... Em cima da linha!

Foram 19.3 km em 40 minutos a 29 km/h. Fraquinho...

A transição para a corrida correu bem. Foi só largar a bike, tirar o capacete e calçar os ténis. Ah, e virar o dorsal para frente. Alguém gritou "dorsalllll"...

A corrida também correu mal, nunca consegui impor o meu ritmo, o ritmo para o qual treinei. Talvez esgotado do ciclismo.

Foram 5 km em 22 minutos e meio a uns banais 4'30'' por km.

No final aquele sabor amargo de esperar mais, quer dizer menos (tempo). Nem parece que tinha terminado o meu primeiro triatlo e até muito bem classificado (309.º em 477 atletas que terminaram)... Para uma prova da Taça de Portugal de Triatlo parece-me muito bem.

Tempo total: 01:17:17 (o meu relógio deu menos um minuto) a 22 minutos do vencedor.

E foi isto. E tu que estás a ler isto anda daí também. Acredita em ti, se eu consegui aprender a nadar em 6 meses e fazer um segmento de 750 metros de natação em águas abertas em 15 minutos tu também consegues. Como diz o Ronaldo, anda tu nadas bem. Acho que não foi "nadas" que ele disse, mas serve. Para o ano, estamos lá?

Fotografias não encontrei nenhuma, toda a gente tem fotos menos eu... Dão-se abraços e beijinhos a quem conseguir encontrar uma foto minha no Triatlo de Oeiras.